Os seis maiores bancos de Moçambique, depois de terem aumentado os seus activos em mais de 25% em 2012, mantiveram no ano passado uma taxa de expansão de dois dígitos, a par de uma reforço nos lucros, de acordo com um relatório da Eaglestone Securities.
As contas dos seis maiores bancos - Millennium bim, BCI, Standard Bank, Moza Banco, Banco Único e Barclays - indicam uma subida de 19 % nos activos líquidos, para perto de 8,5 mil milhões de dólares em 2013, de acordo com aquele relatório.
O aumento vem na esteira de outros a dois dígitos - 28,6 % em 2012 e 10,9 % em 2011 - e é acompanhado de melhorias nos rácios de empréstimos sobre depósitos (mais 5,4%), empréstimos sobre activos (3,9%) e de lucros (mais 13%, para 174 milhões de dólares).
Segundo a Eaglestone, a melhoria "sustenta-se num desempenho operacional mais forte" do que em 2012.
Com Moçambique a receber níveis recorde de investimento estrangeiro, direccionados sobretudo para a exploração e extracção de recursos minerais como o gás natural e o carvão, o sector financeiro moçambicano é daqueles que apresenta melhores perspectivas de crescimento.
A Economist Intelligence Unit informou que o PIB de Moçambique deverá crescer 7,3% este ano e 7,8% em 2015, impulsionado pela extracção de carvão e investimento em infra-estruturas de transportes, mas também com fortes crescimentos nas telecomunicações, indústria e serviços financeiros.
A partir de 2016, a construção de infra-estruturas para o gás natural servirá de "motor" para o crescimento económico.
Segundo a Eaglestone Securities, o crescimento "significativo" do sistema financeiro moçambicano nos últimos anos reflecte também "o objectivo das autoridades locais de aumentar o acesso das populações aos serviços financeiros", que se traduziu num aumento forte no número e tipos de entidades no mercado.
O nível de acesso a serviços bancários está actualmente em 20 % da população, menos de metade da média na África a sul do Saara, mas o objectivo é atingir 35% em 2022.
Contudo, o tamanho do sector bancário é considerado ainda "modesto", com activos totais de 10 mil milhões de dólares em 2013, menos do que qualquer um dos 3 maiores bancos de Angola.
Actualmente, os dois bancos com mais activos são de capital português: o Millennium bim (2,93 mil milhões de dólares) e o BCI - Fomento (2,76 mil milhões de dólares).
Seguem-se o Standard Bank (1,4 mil milhões de dólares), de capital sul-africano, o Barclays Bank (572 milhões de dólares) e o Moza Banco (493,7 milhões de dólares), participado pelo Novo Banco, entidade financeira herdeira de activos "sãos" do português BES, que se encontra em processo de venda.